terça-feira, 11 de agosto de 2009

"Eu gosto de Juazeiro e adoro Petrolina"


05:30 - O sol ainda teimava em não despontar no horizonte, mas o trabalho tinha de começar. Não só o nosso, mas também a labuta dos moradores de Juazeiro e Petrolina.
Justificar
Ao contrário do esperado, o sol não foi nascendo aos poucos. Em segundos, ele já brilhava inteiro nas paredes das casas de Juazeiro, nascendo atrás de Petrolina.
O São Francisco, da penumbra, logo logo, já estava azul. Lambia as barrancas da Bahia e de Pernambuco.









segunda-feira, 10 de agosto de 2009

“É. Os Chicos começou...”






Como disse companheiro Drumond, ao avião tocar o solo do aeroporto de Petrolina: “É. Agora Os Chicos começou...”.

Primeiro dia de viagem marcado por ajustes e surpresas. Pré-produção – nem tanto pré assim – ainda tomando tempo. Aluguel de carro, acertando infra de internet e primeiros passos de caça a Chicos e Chicas.

A chegada a Petrolina às 15 horas desta segunda-feira foi ingrata para tantas pendências, mas majestosa ao dar um fim de tarde dourado e azul do São Francisco, dividindo/unindo o lado pernambucano do baiano, representado pela simpática Juazeiro.

O vaivém das balsas, no gritante azul das águas do São Francisco, reforçou o prazer da empreitada.

E a surpresa ficou por conta de Raimunda Posto do Sol, vereadora de Petrolina e responsável pela divulgação do Samba de Véio, da Ilha do Massangano.

O Samba de Véio é uma manifestação cultural mais do que centenária de uma comunidade formada por 150 famílias, na sua maioria, descendentes de escravos.

E é para Ilha de Massangano, para o Samba de Véio que seguiremos nesta terça-feira. Lá passaremos o dia com os primeiros Chicos e Chicas.

sábado, 8 de agosto de 2009

Expectativas...






Já perdi as contas de quantas vezes estive em alguma barranca desse gigante São Francisco. Também não é coisa para ficar guardando de cabeça, assim como não lembramos quantos amores tivemos, sorrisos demos, alegrias sentimos. Coisa boa não é para anotar em caderno. É para viver!

Desta vez, será com responsabilidade redobrada que pisarei o chão lambido pelas águas do Velho Chico. Farei o melhor para contribuir de alguma forma com a gente batalhadora deste rio. Passei anos escutando suas histórias, experiências e sabedorias. Agora chegou a vez de retribuir e tentar documentar o máximo que conseguir essa cultura oral tão importante para o nosso país.

Nunca conheci a Europa, nunca fiz compras em Nova York e somente uma vez – nestes 33 anos de sobrevida nessa terra – coloquei meus pés no exterior. Fico triste, pois queria conhecer outras culturas, outros povos, tudo! Mas me orgulho, pois optei por gastar o meu tempo tentando conhecer a fundo o interior do meu país.

Nenhum brasileiro precisa amar o Brasil, mas todos têm a obrigação de conhecê-lo, mesmo que seja para odiá-lo.

Acho que é isso que pensarei a cada dia dessa empreitada que se inicia por Petrolina, no meu amado Pernambuco.

Sigo em busca de histórias, de lendas, de batalhas de vida, de música, de versos. Talvez o verso seja a marca desse rio, onde, na submersa cidade de Remanso, até as mensagens das lápides eram escritas em versos.

Levarei a saudade das minhas duas meninas loiras. Por elas, sonho.

Arrêa!

Gustavo Nolasco


É difícil explicar as sensações, tão intensas, na véspera de uma viagem tão incrível. Afora as inúmeras atividades de pré-produção, pesa a responsabilidade da tarefa. Trata-se de conhecer, documentar e desvendar as pessoas que moram às margens de um rio, cuja história está ligada à ocupação do país. Local que, antes da chegada dos europeus e africanos, alimentou com fartura diversas tribos indígenas ao longo de seu extenso trajeto. Rio que durante anos foi a ligação entre os dois extremos do Brasil.

Já conheço alguns trechos mineiros do Velho Chico. Sua belíssima nascente, a região de Três Marias e, por diversas vezes, estive em Pirapora. No ano passado, tive o privilégio de navegar desta cidade até Januária, ao longo de cinco inesquecíveis dias. E o pouco que conheço desse rio, já é suficiente para me apaixonar.

Agora vou rumo ao desconhecido. Região que nunca pisei, no coração do sertão. Local onde caminharam gigantes, como Antônio Conselheiro e Lampião. Irei até o extremo desse caminho, onde o Bispo Sardinha foi devorado, símbolo de ideias importantes que andam esquecidas.

Sei que vou encontrar motivos para, mais uma vez, me indignar com a burrice imensa que é a relação atual da humanidade com as águas, maior fonte de vida do mundo. Modo de vida suicida, que acha que vale a pena destruir um rio para produzir bugigangas inúteis.

Mas também vou conhecer aquela boa gente do Nordeste, resquícios de gerações que viveram ao lado do rio, pelo rio e em função do rio. Rio que nesse trajeto proporciona paisagens tão incríveis, que, segundo dizem, são das mais belas do nosso país.

Como toda viagem longa, o cansaço e a saudade das pessoas queridas serão um problema. Mas pode haver coisa melhor do que viajar fotografando e conhecendo pessoas, lugares e sensações novas?

Povo do Opara, Velho Chico, Rio São Francisco. É com muita reverência que inicio essa jornada.

Leo Drumond

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Fernando Morais apoia Os Chicos



“Finalmente alguém se preocupou com o Velho Chico - foi a minha primeira sensação ao tomar conhecimento do trabalho “Os Chicos” do jovem e brilhante jornalista mineiro Gustavo Nolasco. Quem de nós não tem enterradas na alma lembranças do Rio São Francisco, mesmo aqueles que jamais molharam os pés em suas águas? O Rio São Francisco é berço de infinitas manifestações culturais, de lendas e de histórias de uma parte pobre do povo brasileiro que tenta arrancar a sobrevivência das suas águas. Percorrer todo o trajeto do São Francisco, como faz Nolasco nesta aventura fascinante, é mais do que conhecer as fronteiras geopolíticas de um rio. É uma forma de redescobrir um pedaço do Brasil. Seu trabalho merece o apoio de todos.”

Fernando Morais, escritor

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Povo Sabido


"Deus criou a humanidade porque gosta de histórias"

Elie Wiesel, escritor romeno e Prêmio Nobel da Paz

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Marcel Gautherot e o São Francisco




O Rio São Francisco também foi tema recorrente na obra de um dos maiores fotógrafos que podemos chamar de "brasileiros". O franco-brasileiro Marcelo Gautherot percorreu o rio nos estados de Alagoas e Bahia nas décadas de 40 e 50, deixando, talvez, o mais belo registro fotógrafico do Velho Chico já feito.
Nascido em Paris em 1910, Gautherot se apaixonou pelo Brasil lendo Jorge Amado e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1939. Fez parte de um importante círculo de intelectuais modernistas, dentre eles, Rodrigo de Melo Franco, Carlos Drummond, Mário de Andrade, Lúcio Costa e Burle Marx.
Sua coleção é composta por mais de 25 mil negativos e atualmente pertence ao Instituto Moreira Sales.
Gautherot percorreu 18 estados brasileiros, fotografando, registrando o povo brasileiro, sua arquitetura, suas festas. Sua coleção é um vasto retrato da diversidade cultural do país. Morreu aos 86 anos, no Rio de Janeiro.





Agradecimento: Este post é uma contribuição de Sônia Lucena (Secretaria de Estado de Cultura de Alagoas), companheira, amiga e apoiadora do projeto Os Chicos

quinta-feira, 30 de julho de 2009

10 de agosto começa a saga de Os Chicos




Muitas contas, planilhas, cálculos e fios de cabelos branqueando ou caindo. Assim foram os últimos meses de preparação para a execução do projeto Os Chicos. Mas, enfim, vai começar!

Em reunião na d'Cult - produtora executiva do projeto - ficou definido que no dia 10 de agosto se iniciará o trabalho de pesquisa em campo. Partindo de Petrolina/PE até a foz do São Francisco, na pancada do mar entre Alagoas e Sergipe

O blog acompanhará passo a passo todas as ações desta primeira etapa, que consumira 25 dias de pesquisa executada pelo jornalista Gustavo Nolasco e pelo fotógrafo Leo Drumond. A segunda etapa - ainda sem data determinada - será executada no início de 2010, no trecho da nascente do Velho Chico até Sobradinho/BA.

Além da produção executiva da Dcult, Os Chicos têm como parceiros fundamentais a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). Empresas que apostam na documentação da história oral das comunidades do São Francisco como uma importante ação de preservação da cultura brasileira.




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